Medalha de ouro em Olimpíada Internacional de Matemática estuda mais de 13 horas por dia 

Felipe Martins
Do UOL, no Rio de Janeiro



O carioca Daniel Santana Rocha tem apenas 15 anos, estuda em escola pública, é filho de professores e ganhou, no mês passado, a medalha de ouro na Olimpíada de Matemática da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa, disputada em Salvador. 
O menino tímido, de fala mansa, se dedica com afinco aos estudos. Em casa, são dez horas, do começo da manhã até o final da tarde, divididas em seis horas para a matemática e o restante para as demais disciplinas. À noite, vai à escola. Aluno do primeiro ano do ensino médio no Colégio Estadual Bernardo Sayão, tem aulas das 18h30 às 22h.
O talento com os números foi descoberto com a ajuda do pai, Fernando da Rocha. Para não deixar o filho sozinho em casa, passou a levá-lo ao curso de aperfeiçoamento para professores de ensino médio do Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada).
Com apenas 11 anos, Daniel já demonstrava facilidade em resolver cálculos complexos. Incentivado pelos professores do Impa, o estudante começou a participar de torneios. No primeiro, a Olimpíada de Matemática do Estado do Rio de Janeiro, já saiu com uma medalha de prata, uma surpresa até mesmo para ele.
“Eu não esperava ganhar a medalha de prata porque eu comecei a estudar para as Olimpíadas apenas um mês antes”, disse Daniel. O resultado seguinte, um bronze na Olimpíada Brasileira, o deixou ainda mais motivado. “Eu fiquei impressionado com o resultado e ainda mais motivado a continuar estudando”, declarou.

Estudante quer ser pesquisador - Pai e filho quando estão na escola são professor e aluno. O menino ajuda os colegas e troca informações com os outros professores de matemática e física, disciplina em que também mostra desenvoltura. “Ele ajuda e estimula os alunos. A aula fica mais animada. Às vezes, os meninos brincam pedindo para o Daniel dar aula, que a minha aula está muito ruim”, contou o pai orgulhoso. “Meu pai me ajuda muito, como professor e como orientador”, elogiou Daniel.


Como muitos adolescentes, Daniel tem suas diversões preferidas. “Gosto de videogame, de passear no shopping. Eu estudo durante a semana para liberar meus sábados e domingos”, disse. Sobre a rotina diária de dez horas de estudo, o pai de Daniel afirma que nada é imposto. “Esse é o prazer dele”, definiu. “No Brasil, existe um pouco de preconceito com o estudo. Em muitos países adiantados, o mínimo é dez horas de dedicação”, completou.
Para o futuro, o jovem talento já tem uma vontade explícita. “Quero ser pesquisador. Gosto da área de análise, do estudo dos sistemas dinâmicos”, contou.

A OlimpíadaA Olimpíada de Matemática da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa é disputada entre estudantes de Portugal, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, em um total de 32 competidores. Diferentemente de uma competição esportiva, nas Olimpíadas da Matemática é possível mais de uma medalha de ouro, levando em questão o nível de excelência dos competidores.


As provas foram realizadas em dois dias e os estudantes tiveram três horas e meia para resolver três problemas propostos pelos países participantes envolvendo geometria, álgebra, combinatória e teoria dos números. Três estudantes ganharam a medalha de ouro, dois do Brasil e um de Portugal.
O estudante agora tem por objetivo disputar a maior competição de matemática mundial, a IMO (International Mathematical Olympiad), que acontece anualmente. A próxima edição acontece em julho de 2013, na Colômbia. O Brasil já foi escolhido para sede no ano de 2017.
Bacana, né ?
Beijos,

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