Santa Maria...

Sento para escrever, mas as idéias misturam-se com sentimentos das mais diversas ordens.
Sei que não é o momento de se apontar culpados, embora em toda tragédia, o nosso primeiro impulso sejá esse: destino, Deus, imprudência...? 
Não importa!? 
Onde está o jovem que a pouco tempo se aprontava feliz para uma noite divertida? 
Onde ele está com seu sorriso? 
Seu perfume está por onde passou... 
Seus sonhos estão impregnados no ar... 
Ele não voltará para contar como foi a noite... 
Ele não estará no seu quarto quando deveria ser acordado...
Ele não preencherá os dias com suas lamúrias, sonhos, desejos, alegria, reclamações.
Toda vez que parte um jovem ou uma criança, dói muito.
Dói porque são seres começando a vida, planejando o futuro...
Dói porque sou mãe e também me coloco no lugar de cada pai que esta noite despediu-se do seu filho sem saber que seria a última vez.
Agora é só dor....
Estado de choque...
Perplexidade...
Desejo de fazer o tempo voltar.
Fazer de tudo para que as coisas pudessem ser diferentes.
Acordar de um pesadelo...
Há um nó no peito.
Garganta seca.
Lágrima incontida.
Corri para o telefone...
Quis ouvir a voz dos meus filhos que não estavam nesse triste local.
Eu ainda posso ouvi-los...
Abraçá-los e dizer o quanto os amo e me preocupo com eles.
Mas e as outras mães?
E aquelas que estão neste momento, pensando porque com meu filho? 
Minha filha? 
Meus filhos?
Queria demais poder fazer alguma coisa; queria ajudar, abraçá-las, ter algo a dizer...
Por isso estou aqui agora.
É tudo o que tenho.
Vamos hoje orar por elas...
Em qualquer credo...
Nos solidarizarmos nessa dor tão grande...
Não encontro palavras bonitas, não encontro estruturas didáticas para fazer um texto bonito...
Que me perdoem. 
Minha vontade nesse momento...
é estar presente com cada pai...
mãe... 
irmãos... 
e amigos daqueles que se foram e deixarão enorme vazio e saudade...

Eterno carinho, 
Kátia.

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