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PorMarilee Nicoll Coots, BA e Cyndi Ringoen, B.S., B.A. – Terapeutas de Desenvolvimento Neurológico
Comportamento sensorial repetitivo ou comportamento auto-estimulante são termos usados para descrever um grupo de comportamentos vistos em muitas crianças com atraso de desenvolvimento. É tão repetitivo que muitas vezes parece compulsivo, e pode ocorrer com qualquer um dos sentidos. Os pais costumam descrevê-lo como algo que não parece muito normal.
Como Terapeutas de Desenvolvimento Neurológico, vemos essas brincadeiras sensoriais repetitivas de maneira negativa, perpetuando o comportamento de auto-isolamento. Crianças com alto nível de funcionalidade e adultos não costumam recorrer a comportamentos repetitivos, mas indivíduos com baixa funcionalidade, sim. Nosso objetivo junto aos pais com quem trabalhamos é ajudar cada indivíduo a desenvolver seu mais elevado potencial. Portanto, desencorajamos qualquer comportamento repetitivo, porque ele vai ser contra-produtivo para o desenvolvimento do indivíduo.
A brincadeira sensorial repetitiva é um comportamento aprendido que um indivíduo desenvolve por várias razões. Em primeiro lugar, a criança se sente bem, por isso ela o repete. Com as crianças pequenas sem deficiência, por exemplo, brincar com os dedos dos pés e das mãos é prazeiroso. Em termos de desenvolvimento, é importante por causa das conexões que são feitas no cérebro sobre o próprio corpo, mas a criança logo parte para a próxima emocionante etapa do seu desenvolvimento. Quando os sentidos estão atrasados ou prejudicados, a criança pode ficar presa em uma etapa e o comportamento torna-se obsessivo, o que pode realmente comprometer o desenvolvimento.
Você já pode ter ouvido falar que a brincadeira sensorial rpetitiva é benéfica, calmante, uma tentativa de comunicação, ou até mesmo um tipo de mecanismo psicológico. É possível que em um nível inconsciente, algumas crianças usem isso para controlar seu ambiente ou para evitar as coisas que não desejam fazer. Por exemplo, se uma criança começa a fazer uma destas brincadeiras, ela pode ser capaz de evitar situações socialmente desconfortáveis. É importante considerar que muitos adultos apresentam vários comportamentos similares, pelas mesmas razões – cigarro, bebidas, drogas, excesso de trabalho, etc. Só porque um comportamento tem um propósito, não significa que ele é saudável ou útil para o desenvolvimento.
Há muitas vezes um componente metabólico para a brincadeira sensorial. Quando as crianças estão fora da equilíbrio metabólico, as brincadeiras aumentam. Intervenção metabólica adequada muitas vezes pode reduzir o comportamento e, ocasionalmente, até acabar com ele. Os comportamento auto-estimulantes repetitivos criam endorfinas no cérebro, fazendo com que a pessoa se sinta “feliz”, “bem”, como acontece com o que se conhece como “prazer do corredor.” Estes elementos químicos podem se tornar viciantes, levando o indivíduo a repetir a atividade, a fim de renovar o sentimento bom. Assim, a criança torna-se presa em um comportamento compulsivo. O desenvolvimento pára de avançar, vai ficando cada vez mais atrasado e muitas crianças na verdade começam a regredir.
Procuramos parar a brincadeira sensorial auto-estimulante não como um fim em si mesmo, mas como parte de um plano estratégico global que inclui abordar as causas subjacentes do desenvolvimento neurológico do comportamento. As causas muitas vezes se relacionam com a disfunção em um ou mais canais sensoriais. Para tratar a disfunção sensorial, precisamos determinar por que a informação sensorial não está indo para o cérebro corretamente (onde seria organizada e progrediria para o próximo nível), parar a brincadeira sensorial repetitiva e resolver a causa fundamental da disfunção específica, adequando atividades de desenvolvimento neurológico.
A fim de impedir uma criança de ter este tipo de comportamento, precisamos primeiro ser capazes de reconhecê-lo. O comportamento vai parecer estranho e repetitivo e muitas vezes há um elemento compulsivo ao fazê-lo. Normalmente, se a criança for impedida de realizar estes movimentos se tornará bastante irritada. Parar as brincadeiras sensoriais equivale a deixar um vício como fumar ou beber cafeína. A intensidade da raiva pode ser uma pista para os pais sobre se o comportamento já se transformou em uma compulsão. Para parar o jogo sensorial, os pais podem redirecionar o comportamento, distrair a criança e envolvê-la em outras atividades, ou remover o objeto que a criança está usando para se auto-estimular. Geralmente é melhor não tentar explicar ou relacionar um sentimento negativo ao comportamento. Brigar com a criança não vale a pena e às vezes pode intensificar o comportamento. Quando a quantidade de brincadeiras sensoriais for reduzida, às vezes pode ser direcionada para algo mais apropriado. Um exemplo é ensinar uma criança que faz sons estranos com a garganta a formar palavras.
A seguir, uma lista de comportamentos auto-estimulantes apresentados por criancas. Esta lista não inclui todas as possibilidades. Também não quer dizer que uma criança que faça algumas dessas coisas de vez em quando tenha atraso de desenvolvimento. Ele é projetada para dar aos pais uma idéia de que comportamentos podem funcionar como comportamentos sensoriais repetitivas.
VISUAL
Balançar cordões
Agitar brinquedos
Brincar com os dedos na frente ou ao lado do rosto, geralmente exatamente no mesmo ponto
Alinhar brinquedos excessivamente e repetidamente
Empilhar brinquedos e derrubá-los
Girar rodas em carros de brinquedo/caminhões
Empurrar caminhões e carros de brinquedo enquanto inclina a cabeça para ver as rodas
Observar pela janela os carros que circulam
Olhar pela janela com olhar fixo
Observar partículas de poeira no ar
Fixar olhar em ventiladores de teto
Fixar olhar na luz ou objetos brilhantes
Olhar de lados e/ou de cabeça para baixo para a TV
Ficar com o nariz grudado na TV
Virar as páginas de livros sem olhar para imagens, folhear livros
Atirar brinquedos no chão
Subir com os pés na parede
Abrir e fechar gavetas e portas
Rodar tigelas
Rodar brinquedos
Andar em determinados padrões
Andar no mesmo lugar
Chapinar e jogar água
Ficar assistindo a água correr
Derramar areia/feijão etc nas mãos e ficar olhando fixamente
Rodar moedas
Olhar para mapas de muito perto
Alinhar caixas, cadeiras, cestos de roupa, caixas e recipientes fazendo um caminho e pular de uma para a outra
Pular de um pé para o outro
Balançar da frente para trás ou de um lado para o outro enquanto está sentado
Jogar ou deixar cair brinquedos no chão repetidamente
Jogar brinquedos por cima do ombro
Catar sujeirinhas do chão, carpete roupa
Rasgar papel
Olhar pela janela do carro com visão periférica (enquanto ri)
Andar pelo corredor com a cabeça pendendo para um lado
Colocar a cabeça na mobília
Correr em círculos
Reboboniar um vídeo enquanto o vê retroceder
Desenhar excessivamente
Esfregar lápis juntos
Observar o próprio reflexo nas maçanetas, torradeiras, janelas à noite, porta do forno, torneiras brilhantes, tela da TV desligada, carros limpos, tela de computador e espelhos
Segurar ou balançar brinquedos pequenos (geralmente personagens) na frente do rosto diante da TV enquanto está assistindo programas
Virar a cabeça na direção de padrões de luz feitos por persianas
Brincar obsessivamente com um brinquedo de mola passando-o de uma mão para a outra
Olhar para um yoyo com visão periférica
Dar estrelas múltiplas, com freqüência e excessivamente
Sacudir a cabeça
Girar o próprio corpo ou girar em volta do próprio braço, contra uma parede
Balançar pedaços de grama ou pequenos galhos
Enrolar com o dedo cabelos compridos ou tranças (meninas), ou balança-los na visão periférica
VERBAL OU AUDITIVA
Gritar em voz alta e/ou com voz fina
Repetir ruídos e sons estranhos
Conversar consigo mesmo – excessivamente e sem propósito
Ecolalia – repetir frases, filmes, músicas etc
Sussurrar
Fazer sons com o nariz
Bater em tudo
Fazer sons compulsivos com a garganta
Bater brinquedos ou livros
Dar risadinhas excessivas
Brincar excessivamente
Brincar com jogos eletrônicos que se repetem
Risada inadequada
Repetir uma cena de vídeo várias vezes
Contar a mesma história várias vezes
Cantar constantemente
Recitar o alfabeto repetidamente
TÁTIL
Mastigar o interior das bochechas
Esfregar roupa entre os dedos
Roer as unhas
Chupar os dedos
Arranhar obsessivamente/até sair sangue
Bater a cabeça
Ranger os dentes
Cuspir
Agarrar o braço de alguém de com ambas as mãos e apertar, ou com a cabeça encostada no braço
Esfregar rosto/mãos
Levantar e abaixar a parte superior do corpo enquanto está sentado
Chupar a língua
VESTIBULAR
Girar
Balançar
Rodar
OUTRAS
Excessivo jogo de faz de conta
Representar uma cena de filme repetidamente
Apontar lápis repetidamente
Escrever números repetidamente
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